É provável que no final cheguemos à conclusão que não existe pecado senão o pecado da mente.
É a mente carnal que é inimizade contra Deus, que não está sujeita à lei de Deus, nem pode estar. Devemos lembrar, contudo, que, quando a Bíblia se refere à mente, ela não está se referindo apenas ao intelecto. Toda a personalidade está inclusa nesse conceito; a inclinação da vontade, as reações morais, as simpatias e antipatias também estão ali, bem como o intelecto.
Quando Deus viu a perversidade do homem, que ela era grande sobre a terra, Ele viu aquilo que não era possível ser visto do lado de fora, que, como está explicado em certo lugar: "era continuamente mau todo desígnio do seu coração" (Gn 6.5). Desta passagem podemos entender apropriadamente que o pecado está situado em profundidade na mente, onde polui as emoções (os desejos), o intelecto (as imaginações) e a vontade (os propósitos). Essas coisas juntas constituem aquilo que a Bíblia e a teologia popular chamam de coração.
É muito significativo que, quando o Senhor descreve o fluxo da iniquidade conforme ele jorra do coração, Ele começa com os pensamentos. "Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias" (Mt 15.19 – ARC). É de duvidar que qualquer pecado seja cometido se não for antes incubado nos pensamentos por tempo suficiente para excitar os sentimentos e predispor a vontade em favor dele. Mesmo o súbito lampejo de ira, que de todos os pecados aparentes parece ter o menor conteúdo mental, nada mais é do que uma repentina erupção das emoções. O homem de temperamento esquentado é alguém que habitualmente remói ofensas e insultos, e dessa forma se ajusta à súbita condição temperamental que parece não ter origem em sua mente. O coração que costumeiramente se atém no sadio pensamento de questões morais, especialmente na longa meditação sobre o pecado do homem, na misericórdia de Deus e na bondade de Cristo morrendo por Seus inimigos, não está sujeito a estourar quando a ocasião se apresenta. A pior reação a qualquer afronta ou injustiça será uma triste ou branda irritação, jamais uma explosão de ira pecaminosa.
O Antigo Testamento mostra o homem ímpio deitado na cama pensando em como fazer o mal e, quando amanhece, realizando os planos que elaborou durante a noite "porque o poder está em suas mãos" (Mq 2.1). E o salmista nos exorta: "Tremei, e não pequeis; consultai no leito com o vosso coração e sossegai" (Sl 4.4 – Trad. Brasileira). O que significa isso senão que a conduta moral, boa ou ruim, se origina nas profundezas da mente? Os pensamentos se concentram em algum ato ou curso de ação com interesse e consentimento; isso excita as afeições, que, por sua vez, provocam a vontade em favor do ato em consideração. O pecado que daí procede pode ser tão fundamental, tão físico, tão obviamente "da carne", que ninguém sonharia que ele começou como um pensamento indisciplinado no coração. O rico néscio "arrazoava (argumentava) consigo mesmo", e, como resultado, optou por um caminho que lhe custou a alma (Lc 12.16-21).
Todos os nossos atos derivam de nossa mente e serão, por fim, aquilo que a mente é. Isso está claramente ensinado na Palavra: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida" (Pv 4.23). Mesmo o arrependimento precisa começar com profundo pensamento reverente. Davi afirmou: "Considero os meus caminhos e volto os meus passos para os teus testemunhos" (Sl 119.59), e é bem evidente que o filho pródigo pensou seriamente em sua situação antes de conseguir o consentimento de sua vontade para humilhar-se e dizer: "Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti" (Lc 15.11-32).
É uma espécie de paradoxo que, ao mesmo tempo que os pensamentos influenciam profundamente a vontade e de fato determinam as escolhas que ela faz, a vontade, por sua vez, tem o poder de controlar os pensamentos. Uma vontade firmemente comprometida com Deus consegue dominar os poderes intelectuais para pensar em coisas santas. Se não fosse assim, as palavras de Paulo aos filipenses seriam psicologicamente indefensáveis: "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento" (Fp 4.8). Visto que nos é ordenado aqui que pensemos em certas coisas, segue-se que podemos controlar nossos pensamentos; e, se podemos escolher os objetos em que meditar, podemos, no final, inclinar toda a nossa vida interior na direção da justiça.
É muito mais importante que cultivemos pensamentos piedosos e desejemos fazer a vontade de Deus, do que nos sentirmos "espirituais". Os sentimentos religiosos podem variar e de fato variam de forma tão grande de uma pessoa para a outra, ou mesmo na mesma pessoa eles podem variar de forma tão ampla de uma hora para a outra, que nunca é seguro confiar neles. Por meio de um decidido ato de fé, coloquemos nossas afeições nas coisas lá de cima, e Deus cuidará do resto. O homem mais seguro, e, depois de certo tempo, o mais feliz, é aquele que pode dizer: o meu "coração é firme, confiante no SENHOR" (Sl 57.7; 108.1; 112.7).
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem (Jo 10.27).
Ao homem que teme ao SENHOR, Ele o instruirá no caminho que deve escolher (Sl 25.12).
Aplica-te ao estudo da Palavra.
Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto (Is 55.6).
Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (1Co 15.55)
Orar bem é estudar bem.
Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente (Is 40.8).
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Em tudo dai graças (1Ts 5.18).
Ao homem que teme ao SENHOR, ele o instruirá no caminho que deve escolher (Sl 25.12).
Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez os céus e a terra (Sl 121.1-2)
A vereda dos justos é como a luz da aurora, que brilha mais e mais até ser dia perfeito (Pv 4.18)
Deus tudo vê
Não temais, pequenino rebanho.