Fazer a vontade de Deus - Alimento do céu - Andrew Murray

Fazer a vontade de Deus - Alimento do céu

Andrew Murray

Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. 

...A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. (Jo 4.32,34)

 Jesus disse a seus discípulos que Ele tinha uma comida para comer, acerca da qual eles nada conheciam. Era comida do céu, desconhecida na terra e além do entendimento humano. Ele também prometeu dar aos Seus o maná escondido, pão do céu, que o mundo não vê e a respeito do qual nada sabe. Este alimento é a vontade de Deus. Da mesma forma que comer nosso alimento diário fortalece o corpo, fazer a vontade de Deus fortalece o homem interior.

A maioria dos cristãos não entende isso. Para eles, fazer a vontade de Deus parece um fardo pesado, difícil e exaustivo. Preferem pensar nas promessas de Deus e na vida de Jesus como o alimento que os fortalece. Deixam de ver que é a vontade de Deus o poder que sustenta o universo, operou tão gloriosamente em Cristo, e também opera em nós por meio da habitação do Espírito Santo. A vontade de Deus não é para ser um jugo sobre nós, um fardo opressivo. Se a vemos dessa forma, estamos ainda debaixo da lei, vivendo no espírito de escravidão. Mas se começamos a andar pelo Espírito de Deus e se temos a lei de Deus escrita em nosso coração, então a vontade de Deus se torna nossa alegria. Queremos a vontade de Deus e nosso coração tem fome dela, exatamente como temos fome de comida. Então cantaremos, como Davi o fez, que os testemunhos do Senhor são mais doces que o mel e o destilar dos favos.

Todos nós sabemos o que significa comer. O corpo não é independente para sustentar-se a si mesmo; ele depende de coisas fora dele e toma da terra o que é necessário para sustentar a vida. Da mesma forma, nosso espírito não consegue sustentar a si mesmo. Para o sustento de nossa vida espiritual temos de receber comida do mundo invisível; temos de comer pão do céu.

Essa alimentação não é, como muitos pensam, aceitar a Palavra de Deus. Podemos meditar essa Palavra, concordar com ela, apegar-nos a ela, e nos deliciar em conhecê-la; mas isto é de pouco proveito. Isso não alimenta a alma, a não ser que a pratiquemos. Minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou. Talvez eu aceite a Palavra, mas enquanto eu falhar em praticá-la, ela permanecerá fora de mim; eu a terei colocado na mente, mas não na minha vontade e na minha vida. A vontade de Deus é nutritivo alimento do céu que eu preciso todos os dias; eu a apreendo no meu interior colocando-a em prática. A vontade de Deus é comida que sustém nossa vida espiritual.

A comida nos fortalece. Não comemos apenas para nos manter vivos. Não, a comida renova a vida e incrementa a vitalidade. Comemos para nos conservar saudáveis e vigorosos.

Da mesma forma, fazer a vontade de Deus não apenas faz com que vivamos para sempre; isso automaticamente gera vida poderosa; isso incrementa a vitalidade. Cada ato de obediência à vontade de Deus nos fortalece. Aí reside a grande diferença entre um cristão débil e um cristão vigoroso. A pessoa fraca é a que procura paz e alegria e felicidade; para essa pessoa fazer a vontade de Deus é um meio de alcançar esse fim. O cristão vigoroso é o que sabe que todas as coisas têm de estar sujeitas à vontade de Deus e que faz da prática da vontade de Deus o principal alvo da sua vida. Seu único propósito e gozo é descobrir a vontade de Deus e praticá-la. Ele sabe que, quando faz a vontade de Deus, ele está — como diz a Escritura — comendo "o pão do céu" (Sl 105.40), o pão de que os servos de Deus no céu se alimentam, o pão de que o Filho de Deus Se alimentava quando estava na terra. Este é o alimento que fortalece, o alimento que pode ser degustado todos os dias.

Precisamos todos os dias de alimento para nossos corpos. A vontade de Deus pode ser nosso alimento espiritual todos os dias, e todas as horas, um alimento a respeito do qual o mundo nada sabe mas que alimenta para a vida eterna.

A comida é mais saborosa quando estamos famintos. Assegure-se, então, de que você tenha um ardente apetite pela vontade de Deus. Estimulamos a fome quando trabalhamos duro e quando contemplamos a comida. Comece a fazer a vontade de Deus naquilo que você já a conhece. Isso suscitará maior vontade de fazê-la. O trabalho estimula o apetite. Medite na vontade de Deus em toda a sua perfeição e glória; medite na bem-aventurança de sujeitar a sua vontade à de Deus, de saber que você está realmente executando a vontade de Deus aqui na terra, até que sua fome seja conduzida ao mais alto patamar e nada possa satisfazê-lo a não ser fazer a vontade dEle em todas as ocasiões. Aí, então, você poderá dizer de verdade, com o Senhor Jesus: "Minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" (Jo 4.34). Aí, então, você entenderá o que significa "Bem-aventurados são os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos" (Mt 5.6).