O único traje adequado a um pecador salvo - John MacDuff

O único traje adequado a um pecador salvo

John MacDuff

"Revesti-vos de humildade" (1Pe 5.5)

"A verdadeira humildade" — disse alguém — "é um agradável ornamento; ela é o único traje adequado a um pecador salvo!" Oh, esforcemo-nos portanto para nos vestirmos com esse manto — para sermos achados em silêncio, sem procurar chamar atenção, aos pés de nosso Criador e Redentor.

Nos santos do passado, esta graça da humildade se destacava com evidente proeminência — e eles são o padrão para imitarmos.

Veja Abraão, o pai dos que creem, e o amigo de Deus. Como era grande a sua humildade! Quão profunda a sua auto-humilhação! "Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza"! (Gn 18.27). Ele estava plenamene consciente da sua absoluta insignificância na presença do Deus Eterno.

Veja Davi também, que falou de si mesmo como "verme e não homem"! (Sl 22.6). Jó clamou: "Sou indigno"! (Jó 40.4).

Também com o apóstolo Paulo, que tremendo exemplo temos dessa graça da humildade. Se alguma vez a satisfação consigo mesmo foi legítima num indivíduo, esse foi o caso dele; considerando-se o esforço dele, a renúncia própria, o caráter não-egoísta — sem comparação, sem dúvida; superado apenas pelo homem Jesus Cristo.

Mas como é que ele via a si mesmo, e como se sentia a respeito de si mesmo? Numa ocasião nós o ouvimos dizer que não era digno de ser chamado apóstolo (1Co 15.9). Noutra ocasião, em Efésios 3.8, ele diz que é "o menor de todos os santos"! E ao escrever uma das suas últimas epístolas (1Tm 1.15), ele designa a si mesmo como o principal dos pecadores! Ele chegou a conhecer a si mesmo — um conhecimento no qual toda a sabedoria se centraliza. Se nós nos conhecêssemos como ele se conhecia, nem orgulho nem auto-congratulação achariam lugar dentro de nós!

Mas, acima de tudo, consideremos Aquele que disse: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque eu sou humilde e manso de coração" (Mt 11.29). O céu dos céus não podia contê-lo; toda a plenitude da Eterna Divindade habitava nele; os demônios tremiam diante da Sua repreensão, e fugiam da Sua presença de volta à sua habitação tormentosa; contudo quão gentil, quão humilde Ele era! Leitor, tenha como seu alvo supremo assemelhar-se a Cristo — na Sua humildade.

Contra os orgulhosos — sempre se manifesta o desagrado de Deus em todas as épocas.

Pense em Faraó. A linguagem desse orgulhoso monarca era: "Quem é o Senhor, para que eu lhe obedeça?" (Êx 5.2). Mas a Divina Majestade não podia ser insultada dessa forma; por isso esse pequeno verme com todas as suas legiões foi destruído — eles afundaram como chumbo nas turbulentas e poderosas águas!

Pense em Nabucodonosor. Ouça o seu linguajar prepotente: "Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?" (Dn 4.30). Mas Deus lhe resistiu, e ele foi removido da companhia dos homens — para comer grama com os animais do campo!

Pense em Herodes. Com que satisfação ele não recebeu o aplauso do povo, quando gritaram: "É a voz de um deus, não a voz de homem"! Mas o anjo do Senhor o feriu — e ele foi comido de vermes!

Porém, ao mesmo tempo que Deus resiste ao soberbo -- Ele promete dar graça ao humilde. Os humildes são objeto da Sua especial consideração. "Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar" — esse é um dos palácios do Grande Rei, onde está erigido o trono da Sua glória — onde os incontáveis exércitos de querubins e serafins habitam, e onde os santos aperfeiçoados residem. Mas Ele tem um outro lugar de habitação: "mas habito também com o contrito e abatido de espírito" (Is 57.15)!

Oh, Senhor! Subjuga o orgulho do meu coração; e ajuda-me a manifestar — em todo o meu comportamento — aquela humildade de espírito que à Tua vista é de tão grande valor!