Literatura para uma vida cristã sadia

Uma consciência limpa - A. W. Pink

Uma consciência limpa

A. W. Pink

 

A Bíblia diz muita coisa a respeito da consciência, mesmo em textos em que ela não é designada por esse nome específico. Em vários lugares, o "coração" (1Jo 3.20, etc.), o "espírito" (Rm 8.16; 1Co 2.11), os "rins" (Sl 16.7 – Trad. Brasileira), a "lâmpada do SENHOR" (Pv 20.27) e os "olhos" (Lc 11.34-36) todos significam a consciência. Esse monitor interno é um dos dois olhos da alma; o outro é o bom senso. A consciência é a faculdade que detecta as qualidades morais, capacita-nos a discernir a conduta com relação ao certo e ao errado; ela decide sobre a legitimidade ou ilegitimidade de nossos desejos e ações; faz distinção entre a verdade e o erro. Ela avalia e manifesta o caráter ético de tudo o que é oferecido à mente e isso de acordo com a medida de luz que recebe do bom senso e da Palavra. Assim, a consciência tem uma tripla função. Em primeiro lugar, revelar-nos o que é pecado e nos mostrar nossos deveres, juntamente com a penalidade daquele e a recompensa destes últimos. Quando a consciência passou o veredito, declarando uma ação como boa ou má, sua próxima função é dar testemunho de que aquilo que acabamos de fazer é bom ou mau. Em terceiro lugar, ela exerce a função de juiz, absolvendo ou condenando a alma por meio da evidência confortadora ou terrificadora com que lhe dá testemunho.

Duas vezes lemos sobre uma "consciência pura" (1Tm 3.9; 2Tm 1.3), e não menos de seis vezes o Novo Testamento menciona uma "consciência boa" (At 23.1; 1Tm 1.19; Hb 13.18; 1Pe 3.16, 21). O que, então, é uma consciência boa? 

Não é a própria faculdade natural, pois ela está maculada pelo pecado; é, antes, uma consciência que foi tornada boa quando foi despertada pelo Espírito, renovada pela graça, purificada pelo sangue de Cristo (Hb 9.14), purificada pela fé (At 15.9), instruída pelas Escrituras. Ela é um sábio monitor, que conduz a um comportamento santo. Ela põe Deus diante de si, levando seu possuidor a agir como estando em Sua presença, buscando agradá-lo e evitando qualquer coisa que Lhe desagrade – como no caso de José: "como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?" (Gn 39.9). Por essa mesma razão, ela faz com que seu possuidor pese aquilo que diz e pense antes de agir; e, embora falível, mas de acordo com o melhor que sabe, ele honestamente se esforce para abster-se daquilo que é mau e se apegue àquilo que é bom. Ele faz isso de forma imparcial e universal: "tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência até ao dia de hoje" (At 23.1). Assim, uma "boa consciência" é possuir um coração que não me reprova, mas testifica em meu favor.

Uma boa consciência é aquela que exerce de forma apropriada sua função. Ela não se porta enganosamente, acusando-me erradamente ou me bajulando. Contudo, repetimos que, para a consciência agir de maneira apropriada, ela precisa ser bem informada, iluminada pela lâmpada da Palavra de Deus, pois, assim como existe um zelo religioso que não é de acordo com o entendimento (Rm 10.2), assim existem tanto atividades no serviço de Deus (Jo 16.2) como práticas inventadas pelos homens (Cl 2.20-22) que provêm de uma consciência equivocada ou ignorante. Uma consciência boa dá testemunho de que sou realmente sincero, de todo o meu coração, de não desejar mais o pecado e de ser santo como Deus é santo, que meus esforços de agradá-lo em todas as coisas e meus ardentes desejos de comunhão ininterrupta com Ele são genuínos. E que sou honesto quando lamento meus repetidos fracassos. Ela é conservada "pura" e limpa, ou isenta de culpa, por meio de constante prestação de contas a Deus, prontamente confessando-Lhe todo pecado conhecido, lavando-se diariamente na fonte que foi aberta para a remoção do pecado e da impureza (Zc 13.1). Essa é a razão por que somos exortados: "aproximemo-nos [de Deus], com sincero coração, em plena certeza de fé [i.e., numa firme confiança na suficiência do sacrifício de Cristo e em exclusiva dependência de Cristo], tendo o coração purificado [pela aceitação do sangue de Cristo] de má consciência" (Hb 10.22).

A manutenção de uma boa consciência é parte essencial da piedade pessoal. Disse o apóstolo: "Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens" (At 24.16). Dessas palavras entendemos que ele observava uma rígida autodisciplina, cuidando para que a consciência não o acusasse de forma justa de nenhuma transgressão. Paulo se esforçava ao máximo para conservar a paz interior, e trabalhava duramente para desempenhar fielmente todo e qualquer dever exigido por Deus, tanto para com Ele mesmo como para com Suas criaturas – estando sempre atento para não ofender a Deus nem para servir de tropeço aos homens. Sua frase "Esforço-me" era o lado da responsabilidade humana, o desempenho de suas obrigações morais. 

Assim, também, foi a resolução de Jó: "não me reprova a minha consciência por qualquer dia da minha vida" (Jó 27.6) – ele estava determinado a conduzir-se de forma que sua consciência não o acusasse por nada que ele fizesse. Nós devemos ser tão cuidadosos para não ofender a consciência como somos para evitar qualquer coisa que pudesse desagradar nosso melhor amigo. Só é possível manter uma consciência boa por meio do cuidadoso estudo diário das Escrituras para descobrir nossos deveres – "procurai compreender qual a vontade do Senhor" (Ef 5.17) – por meio da séria investigação do estado de nosso coração e dos nossos caminhos – "consultai no travesseiro o coração" (Sl 4.4) e por meio de um andar uniforme em obediência – "E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração" (1Jo 3.19).

O testemunho de uma boa consciência não tem preço. "Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana, mas, na graça divina, temos vivido no mundo e mais especialmente para convosco" (2Co 1.12). O apóstolo estava consciente tanto da santidade de sua vida como da pureza de seus motivos. Ele tinha uma testemunha interior da retidão das suas ações, que o aprovava por todas elas e não o condenava por nenhuma delas. Embora outras pessoas atribuíssem o zeloso serviço dele a motivações e fins indignos, a sua consciência dava testemunho da sua integridade e piedade. Ele agia em "simplicidade, sinceridade"; essa palavra é o antônimo de "fingimento, hipocrisia". Ele era movido não por prudência carnal, mas pela graça de Deus. Ele não se perguntava: "Será que isso é boa diplomacia ou estratégia?"; ele perguntava: "Será que isso é certo?" Ele sabia que não era dirigido pela desonestidade, que seu espírito estava livre de engano, e a percepção disso era seu "regozijo". Por esse motivo, ele pôde dizer novamente: "rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus" (2Co 4.2). Ele temia artifícios teatrais, não se baseava na força da retórica, mas almejava – com um simples objetivo, a glória de Deus e o bem das almas – convencer seus ouvintes por meio da verdade.

Aqueles que se esforçam para manter a consciência livre de culpa recebem ricos dividendos em troca. Esse esforço nos dá confortante alívio quando somos falsamente acusados e sobre nós são lançadas calúnias injustas. Foi isso que aconteceu com Jó quando ele foi tão mal compreendido por seus amigos, pois não teve medo de dizer: "pese-me em balanças fiéis, e saberá Deus a minha sinceridade" (Jó 31.6 ARC). Embora Jeremias fosse difamado por muita gente, ele estava tranquilamente seguro de que seus motivos eram corretos. E, por essa razão, não hesitou em expor sua causa diante daquele que prova o justo e esquadrinha os afetos e o coração (Jr 20.10-12). Assim, também, Davi: "Faze-me justiça, SENHOR, pois tenho andado na minha integridade" (Sl 26.1). Uma consciência limpa nos dá a segurança de nos aproximarmos de Deus e a liberdade de nos expressarmos diante dele: "Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus" (1Jo 3.21). Ela é um verdadeiro suporte quando nos encontramos em tribulação, e quando a morte se aproxima. Por essa razão, Ezequias apelou a Deus: "Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza [sinceridade] de coração" (Is 38.3). Em 1Timóteo 1.5 e 3.9, a fé e a boa consciência estão associadas, pois não se pode manter uma se a outra não existir. É por meio da consciência que o Espírito Santo dá testemunho (Rm 8.16), brilhando sobre Sua própria obra na alma, assegurando-nos de nossa sinceridade, permitindo-nos ver a genuinidade de nossa profissão por meio de evidências e frutos que dela provêm.

A seguir, apresentaremos algumas das qualidades ou características de uma boa consciência.

Sinceridade. É lamentável ver quão pouco desta virtude se encontra no mundo de hoje. Quanto fingimento e hipocrisia abundam em todo lugar! Pouco se vê de fidelidade ou realidade. Mas, onde está o temor do Senhor, ali se encontra um genuíno desejo de agradá-lo – "desejando em todas as coisas viver condignamente" (Hb 13.18). 

Sensibilidade. Há uma vigilância e sensibilidade para com o pecado em todas as ocasiões. Longe de ficar insensível às exigências de Deus, o coração fica agudamente sensível quando elas não são levadas em conta. Mesmo com respeito às coisas que muita gente considera como assuntos insignificantes, uma boa consciência reprova e condena. 

Fidelidade. Um constante julgamento de nós mesmos diante de Deus e a avaliação de nossos caminhos conforme Sua Palavra. A opinião favorável de seus companheiros não proporciona satisfação a um homem honesto a não ser que seu coração possa lhe assegurar que sua conduta é reta à vista de Deus. Não importa quais sejam as crenças e costumes dos outros, ele não deseja ofender intencionalmente seu monitor interior.

O funcionamento da consciência natural é muito diferente da maneira de funcionar de uma consciência renovada e boa. A natural opera principalmente por meio de temor escravo e do terror que ela imprime no coração. Ela normalmente é afetada no caso de descuidos graves ou ações grosseiras, mas não pela ausência de espiritualidade ou pela maneira descuidada de proceder. Ela opera principalmente quando as convicções são mais fortes, em tempos de sofrimento: "estando eles angustiados, cedo me buscarão" (Os 5.15). 

Mas uma boa consciência nos leva a executar nossas obrigações por amor a Deus. Se não houvesse um preceito obrigatório, a gratidão nos moveria a trazer uma oferta de gratidão a Ele!

 

 

 

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As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem (Jo 10.27).

 

 

Ao homem que teme ao SENHOR, Ele o instruirá no caminho que deve escolher (Sl 25.12).

 

 

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Ao homem que teme ao SENHOR, ele o instruirá no caminho que deve escolher (Sl 25.12).

 

 

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